27 fevereiro 2017

RESENHA: O Jardim Secreto – Frances Hodgson Burnett


O Jardim Secreto conta a história de Mary Lennox, uma menina mimada e arrogante. A típica criança que provavelmente você não convidaria para a sua festa de aniversário ou não sentaria ao lado dela na sala de aula. Depois de perder os seus pais ainda muito nova, ela é enviada à Inglaterra para viver com seu tio. Mal sabe que essa mudança irá transformar a ela e todos a sua volta por completo. O Jardim Secreto é um livro maravilhoso sobre amizade, afeto, cura e transformação. Mágico e envolvente. Uma leitura carregada de lições que guardaremos por toda a vida.
“O Jardim Secreto” foi um filme marcante na minha infância. Lembro-me de tê-lo assistido pela primeira vez, lá pelos seis, sete anos de idade, junto com a minha tia e já me apaixonar pela história e por toda a magia existente em seu entorno. Desde então, em toda transmissão realizada pela Sessão da Tarde, lá estava eu em frente ao televisor. E, há pouco tempo, graças a Netflix, tive o prazer de conseguir revê-lo.

Imagem do filme 
Semana passada, consegui, enfim, ler o livro no qual o filme foi baseado. Para quem não sabe, a obra foi criada há mais de um século. Publicada originalmente em 1909, foi escrita pela inglesa Frances Hodgson Burnett, também autora de “A Princesinha” (inspiração para o filme homônimo que muitos de vocês devem conhecer!!).

Apesar de a obra cinematográfica, de 1993, seguir bastante o livro, alguns pontos são um tanto diferentes e, já no início, é possível notá-los. Por exemplo, os pais da personagem principal, Mary Lennox, ingleses residentes na Índia e que mal tinham contato com a filha, morrem após serem infectados por um surto de cólera (no filme, era como consequência de um terremoto). A Senhorita Mary, uma menina extremamente mimada de nove anos, é então enviada para a Inglaterra para viver com o Sr. Archibald Craven, seu tio e tutor, em Misselthwaite Manor – uma propriedade gigantesca com mais seiscentos anos e cerca de uma centena de cômodos, localizada próxima a um pântano em Yorkshire. 

Por seu tio permanecer afastado por longos períodos, Mary é deixada sobre os cuidados da governanta local, Sra. Medlock (totalmente diferente da megera apresentada no filme), e de Martha, uma das empregadas da casa e que acaba virando sua amiga. 

Mas o que teria para fazer uma criança sozinha em um local tão grande quanto Misselthwaite Manor? Incentivada por Martha, Mary começa a explorar o terreno, onde acaba conhecendo o idoso Ben Weatherstaff, jardineiro local, e seu pintarroxo. Dentre os jardins presentes na localidade, a menina logo descobre a existência de um permanentemente trancado, onde ninguém entra há dez anos. Com a ajuda do pintarroxo, Mary encontra a porta e a chave, descobrindo ali, um emaranhado de árvores secas e ervas daninha. Percebendo isso, ela resolve cuida-lo, encontrando, enfim, um sentido para sua vida. Mas aquele deverá ser um segredo apenas dela, ninguém nunca deverá saber disso!

Com a ajuda de Dickon Sowerby, irmão de Martha e seu novo amigo com quem acaba compartilhando o jardim secreto, o local começa a ganhar, novamente, vida. Com a chegada da primavera, o jardim se modifica: os tons de cinza, tão presentes nos últimos anos, transformam-se em verde, até alcançarem outras cores, com flores magníficas, as quais Mary nunca havia sequer posto os olhos. Com sua nova rotina, a, anteriormente, desagradável e esquelética Srta. Mary, ganha peso e, assim como seu jardim secreto, uma nova vida. 

Mas a propriedade ainda guardava outro segredo, ao qual a menina nem imaginava. Após ouvir sons de choro e Martha desconversar ao ser questionada a respeito, Mary descobre não ser a única criança naquela casa: há ainda seu primo, Colin. Pouco visto pelo pai, o menino vive trancafiado em um quarto escuro, sem sair da própria cama, pois acredita que irá morrer a qualquer momento. Esse encontro acaba por influenciar a vida de ambos. Impressionado com as histórias do tal jardim e com a esperança de conhecê-lo, Colin, com o apoio de Mary e Dickon, começa a ganhar novas forças. 

Não sei o que mais me encanta nesse conto: o casarão antigo cheio de quartos, a época na qual a história acontece, o jardim com todas as suas flores e cores ou, simplesmente, a trama em si. O livro, narrado em terceira pessoa, é de uma simplicidade gigantesca e inspiradora. É extremamente difícil transformar em palavras o quão incrível é a história de Burnett. 

Apenas para finalizar, o livro possui 312 páginas (edição de 2012, da Dracaena), sua escrita é simples e a leitura bastante rápida, sendo indicada para todas as idades. Além disso, eu realmente acredito que todos deveriam dedicar um tempo para a leitura! E quem se interessar pelo filme, é só acessar a Netflix! 😉

21 fevereiro 2017

RESENHA: Os Delírios de Consumo de Becky Bloom – Sophie Kinsella



Rebecca Bloom é uma jovem londrina com o péssimo hábito do consumismo compulsivo. Apesar de ser uma jornalista especializada em mercado financeiro, não consegue controlar as finanças pessoais. Endividada até a alma, vive fugindo do seu gerente de banco e procurando fórmulas mirabolantes para pagar a fatura do cartão de crédito. E ainda encontra tempo para se apaixonar. Um romance muito divertido que faz um retrato de muitas mulheres das grandes cidades.
Apesar de o filme sobre a saga consumista de Becky Bloom já ser meio antigo (de 2009), só há pouco consegui assisti-lo. É um filme fofo e engraçadinho, então óbvio que eu acabei gostando. Logo, procurei ler o livro no qual fora baseado.

Pois bem, Os Delírios de Consumo de Becky Bloom foi o primeiro livro de Sophie Kinsella ao qual eu tive acesso. A trama, originalmente lançada em 1999, segue as loucuras de Rebecca, uma jornalista econômica incapaz de controlar o próprio dinheiro e que perde totalmente a noção quando se vê diante de uma loja ou uma promoçãozinha básica (e inútil). Quem nunca, né? Exatamente por gastar mais do que ganha, Becky, como é conhecida, encontra-se em uma situação, no mínimo, complicada: já estourou seus cartões de crédito, possui um débito significativo com o banco e todos os dias recebe cartas e mais cartas com cobranças, faturas atrasadas e convocações de banco. Deve até mesmo para sua melhor amiga Suze, com quem divide um apartamento, em Londres.

Entretanto, para nossa protagonista, suas questões financeiras não possuem muita importância: Becky segue sua vida ignorando tais problemas, nunca abre as tais cartas enviadas pelos bancos, vive criando histórias mirabolantes a fim de evitar encontrar seu gerente, etc. Está sempre achando que a compra de uma simples echarpe não afetará em nada suas finanças (aliás, é só ganhar na loteria e todos os seus problemas serão resolvidos...). Para mim, esse é o ponto negativo do livro: a ingenuidade e infantilidade da personagem diante dos problemas. Sinceramente, algumas atitudes dela me irritaram profundamente.

A escrita é totalmente em primeira pessoa, narrada pela protagonista. Além disso, os capítulos são iniciados com algumas das tais cartas enviadas a Srta. Bloom, onde tomamos conhecimentos de algumas das desculpas que ela arranja para não resolver as dividas.

Este é um raro caso onde o filme consegue ser superior ao livro, apesar de haver mudado bastante a história principal. Claro, a trama apresenta passagens bastante divertidas, seguindo bem o gênero Chick-lit pelo qual a autora ficou conhecida. Surge até um romance gostosinho mais para o final da história. Ainda assim, me deixou com a sensação de que poderia ser bem melhor.

Ainda pretendo ler o segundo volume, Becky Bloom - Delírios de Consumo na 5º Avenida. Então, espero que a trama melhore!! Além disso, apenas para informação, em uma rápida busca no Skoob (quem quiser, me adicione aqui), descobri que a série escrita por Sophie Kinsella já consta com oito volumes.

09 fevereiro 2017

RESENHA: Quatro Vidas de um Cachorro – W. Bruce Cameron


Esta é a inesquecível história de um cão que — após renascer várias vezes — imagina que haja uma razão para seu retorno, um propósito a cumprir, e que, enquanto não o alcançar, continuará renascendo. Narrado pelo próprio animal, Quatro vidas de um cachorro aborda a questão mais básica da vida: Por que estamos aqui? Emocionante e com boas doses de humor, Quatro vidas de um cachorro é um livro para todas as idades, que mostra o olhar de um cão sobre o relacionamento entre as pessoas e os laços eternos entre os seres humanos e seus animais.
Confesso que, até pouco tempo, a existência desse livro era desconhecida para mim. O que é uma pena, pois gostaria muito de tê-lo lido antes.

Acredito que, assim como para a maioria de vocês, a obra de Cameron tornou-se conhecida em razão do lançamento de sua versão cinematográfica. Por estar ansiosa pela estreia do filme, tinha planos de apenas lê-lo após minha ida ao cinema. Infelizmente, com todas as notícias desagradáveis a respeito de um suposto maltrato sofrido por um dos cãezinhos, pulei o cinema e mergulhei na leitura. E não me arrependi. A obra tem uma capacidade enorme de emocionar quem a lê. Confesso que tive quatro crises de choros, uma para cada vida desse cachorro incrível, que vocês precisam conhecer. 

Bom, como sugere seu título, o livro apresenta as jornadas de um cachorro ao longo de suas quatro vidas. Narrado totalmente em primeira pessoa, o leitor pode captar a história pela visão do próprio cão, com suas singelas percepções sobre o que vem ocorrendo ao seu redor, tornando a leitura muito mais simples e emocionante.

Inicialmente, somos apresentados a Toby, um filhote que vive nas ruas, junto a sua mãe e irmãos, onde aprende a fugir dos homens e a se alimentar de restos de comida encontrados no lixo. Assim segue sua vidinha, até ser resgatado por um grupo e levado para viver, junto a outros cães, em uma espécie de canil ilegal, por ele chamado de Pátio. 

Em sua segunda vida, ele renasce como um Golden Retriever, chamado Bailey. Com os conhecimentos adquiridos em sua existência anterior, ele consegue fugir do criadouro onde nascera e vai para as ruas, onde é encontrado por uma mulher, que o leva para casa, conhecendo, assim, o menino Ethan, que será responsável por nortear essa e suas próximas vidas. Os dois tem uma conexão imediata. Nessa família, Bailey aprende o que é o amor incondicional. Ali ele é plenamente feliz e seu único propósito na vida é proporcionar igual felicidade ao seu menino. 

Porém, em sua terceira vida, para seu grande susto, ele é uma cadela: Ellie, uma pastora alemã, treinada pela polícia para auxiliar em buscas e resgates - ou, em suas palavras, Encontrar. Com o novo propósito, Ellie passa por dois novos donos, apesar de estar sempre pensando em Ethan: primeiro Jakob (que após ser ferido, afasta-se do serviço) e, por fim, Maya – com quem permanece mesmo depois de aposentada. 

Como Ellie e os auxílios prestados ao resgatar pessoas, nosso protagonista acreditava que seu propósito na Terra estava, enfim, cumprido. Mas eis que, para sua surpresa e frustração, ele se vê novamente como filhote. Abandonado, ele não entende qual a razão de ter voltado mais uma vez. Andando a esmo por uma floresta, percebe um cheiro familiar, algo que faz lembrar-lhe de Ethan. Então, com os “dons” aprendidos em suas outras vidas (sobreviver nas ruas como Toby e farejar como Ellie), entra em uma jornada para encontrar seu menino, tornando-se, assim, o Amigão. 

Esse livro foi um dos mais incríveis que eu já li. Com uma trama simples, delicada, W. Bruce Cameron proporciona ao leitor um misto de sensações, pois assim como é eficiente em seu objetivo de trazer lágrimas ao público, também é capaz de nos fazer rir, principalmente pela inocência com que o cãozinho percebe o mundo. Mas o mais importante de tudo, você acaba vendo nossos bichinhos de outra forma. Se antes já me doía ver aqueles cachorros vagando pelas ruas, hoje me sinto muito pior com toda essa situação. 

Acho que eu nem preciso dizer mais nada sobre essa obra. Apenas leiam!!