02 novembro 2016

RESENHA: Harry Potter e a Criança Amaldiçoada – J.K. Rowling, John Tiffany & Jack Thorne

Sempre foi difícil ser Harry Potter e não é mais fácil agora que ele é um sobrecarregado funcionário do Ministério da Magia, marido e pai de três crianças em idade escolar. Enquanto Harry lida com um passado que se recusa a ficar para trás, seu filho mais novo, Alvo, deve lutar com o peso de um legado de família que ele nunca quis. À medida que passado e presente se fundem de forma ameaçadora, ambos, pai e filho, aprendem uma incômoda verdade: às vezes as trevas vêm de lugares inesperados.
Desde que rumores a respeito da publicação de um oitavo livro da série foram confirmados, meu lado potterhead se iluminou. Foi, pelo menos para mim, uma longa espera até o lançamento oficial em português (antecipado em três dias, na Feira do Livro de Porto Alegre).


O livro trata-se, na verdade, de uma edição do roteiro de ensaio da peça de mesmo nome,que estreou em julho deste ano, em Londres. Nele, somos apresentados a um Harry mais velho, prestes a completar quarenta anos, importante funcionário do ministério, casado com Gina e pai de três filhos (Tiago, Alvo e Lílian). A história tem início no ponto onde o sétimo livro da série (as Relíquias da Morte) foi encerrado: dezenove anos após a Batalha de Hogwarts, a família Potter reúne-se na plataforma 9 ½, com Alvo prestes a embarcar para seu primeiro ano em Hogwarts. 

A partir de então, a narrativa começa a ganhar seus contornos. Alvo, perseguido pela fama de ser o filho do Menino-Que-Sobreviveu, não consegue adaptar-se muito bem à vida escolar, desenvolvendo certa dificuldade em fazer amigos, principalmente ao ser enviado, pelo Chapéu Seletor, para uma casa diferente da de sua família. Conta apenas com a companhia de Escórpio Malfoy, um garoto igualmente solitário e filho de Draco, grande rival de Harry, em Hogwarts. E é essa amizade, juntamente com a dificuldade de ambos se entenderem com os pais e a maneira como lidam com o peso de serem filhos de quem são, que norteia toda a trama e gera algumas consequências aos personagens. 

O livro é legal, mas é perceptível durante a leitura que Rowling não colocou muito o dedo na história. Li em alguns lugares que a obra parecia muito com uma fanfic e eu tive a mesma impressão. Alguns pontos são apresentados de forma superficial, em nada parecido com o que foi mostrado até então, ao longo de toda a saga. As situações impostas aos personagens e o modo como eles lidam com elas são pouco trabalhadas, sem falar no modo em que o personagem de Rony Weasley é retratado: apesar de incluído como um alívio cômico, acabou por soar apenas como alguém sem profundidade. Mas se a história me decepcionou em alguns pontos, em outros me surpreendeu. Adorei conhecer o personagem de Escórpio e o desenrolar de sua amizade com Alvo. 

É importante lembrar que a história é totalmente escrita em forma de roteiro de peça, sendo construída quase exclusivamente por diálogos, então algumas pessoas podem estranhar um pouco. Mas é exatamente esse fato que faz a leitura fluir, desenvolvendo-se rapidamente.


E como grande fã de Harry Potter, foi incrível ter a oportunidade de acompanhar mais um capítulo dessa saga que marcou a minha vida. A cada virada de página e cada diálogo que remetia ao passado, eu sentia uma forte pontada de nostalgia. Foi ótimo voltar a esse mundo e acompanhar o que aconteceu com os personagens com os quais eu cresci, que muito me fizeram rir e me emocionar. 

Foi ótimo voltar a Hogwarts! 

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