08 novembro 2016

RESENHA: Convergente – Veronica Roth

A sociedade baseada em facções, na qual Tris Prior acreditara um dia, desmoronou – destruída pela violência e por disputas de poder, marcada pela perda e pela traição. Em Convergente, o poderoso desfecho da trilogia de Veronica Roth iniciada com Divergente e Insurgente, a jovem será posta diante de novos desafios e mais uma vez obrigada a fazer escolhas que exigem coragem, fidelidade, sacrifício e amor. 
Um ano após iniciar a leitura de Divergente, consegui, enfim, finalizar a trilogia. Por tratar-se do encerramento de uma série, é difícil falar sobre a trama sem entregar grandes spoilers sobre os acontecimentos dos livros anteriores. Assim sendo, nesta resenha eu não relatarei os acontecimentos em si, falarei apenas sobre minha opinião a respeito da leitura. 

Bom, eu já havia assistido ao filme Convergente (e odiado) e, desde então, desejava realizar a leitura do livro, a fim de saber como a história realmente se desenrolava. Posso adiantar que o filme deixou alguns pontos principais, mas modificou absolutamente todo o resto, descaracterizando totalmente a obra criada por Veronica Roth. 


Sobre o livro, eu considerei o mais fraco dos três. Ao contrário dos anteriores, a trama não possui muita ação, focando mais na forma como os personagens estão lidando com os problemas apresentados ao longo da história. A grande questão que envolve a trama, com foco na origem das facções e o fator divergente, eu considerei relativamente fraca. Acreditava que seria algo muito maior e melhor desenvolvido. 


Diferentemente dos livros anteriores, em que a narrativa era apresentada apenas pela perspectiva de Tris, a trama atual traz uma novidade: os capítulos são intercalados entre a protagonista e Quatro (que estava muito chato neste livro, melhorando apenas no final). Essa ideia trouxe alguns pontos positivos para o desenvolvimento da história, deixando-a mais dinâmica em momentos em que ambos os personagens encontravam-se envolvidos em suas próprias tramas, transmitindo ao leitor a visão de cada um diante dos acontecimentos. No entanto, essa forma de narrativa me deixou um pouco confusa em certos momentos, sendo necessário voltar ao início do capítulo apenas para verificar quem estava narrando determinada situação. Apesar disso, entendo que essa mudança na maneira de contar a história foi necessária, principalmente, para a conclusão da obra, cujo final eu gostei, achando bastante coerente com o desenvolvimento da personagem ao longo da trilogia.


Para finalizar, tenho a opinião de que a história foi, aos poucos, se perdendo. O que deveria ser a conclusão de uma trilogia, até então, excelente, tornou-se, infelizmente, um livro arrastado, sem grandes emoções e, por vezes, cansativo demais. 

02 novembro 2016

RESENHA: Harry Potter e a Criança Amaldiçoada – J.K. Rowling, John Tiffany & Jack Thorne

Sempre foi difícil ser Harry Potter e não é mais fácil agora que ele é um sobrecarregado funcionário do Ministério da Magia, marido e pai de três crianças em idade escolar. Enquanto Harry lida com um passado que se recusa a ficar para trás, seu filho mais novo, Alvo, deve lutar com o peso de um legado de família que ele nunca quis. À medida que passado e presente se fundem de forma ameaçadora, ambos, pai e filho, aprendem uma incômoda verdade: às vezes as trevas vêm de lugares inesperados.
Desde que rumores a respeito da publicação de um oitavo livro da série foram confirmados, meu lado potterhead se iluminou. Foi, pelo menos para mim, uma longa espera até o lançamento oficial em português (antecipado em três dias, na Feira do Livro de Porto Alegre).


O livro trata-se, na verdade, de uma edição do roteiro de ensaio da peça de mesmo nome,que estreou em julho deste ano, em Londres. Nele, somos apresentados a um Harry mais velho, prestes a completar quarenta anos, importante funcionário do ministério, casado com Gina e pai de três filhos (Tiago, Alvo e Lílian). A história tem início no ponto onde o sétimo livro da série (as Relíquias da Morte) foi encerrado: dezenove anos após a Batalha de Hogwarts, a família Potter reúne-se na plataforma 9 ½, com Alvo prestes a embarcar para seu primeiro ano em Hogwarts. 

A partir de então, a narrativa começa a ganhar seus contornos. Alvo, perseguido pela fama de ser o filho do Menino-Que-Sobreviveu, não consegue adaptar-se muito bem à vida escolar, desenvolvendo certa dificuldade em fazer amigos, principalmente ao ser enviado, pelo Chapéu Seletor, para uma casa diferente da de sua família. Conta apenas com a companhia de Escórpio Malfoy, um garoto igualmente solitário e filho de Draco, grande rival de Harry, em Hogwarts. E é essa amizade, juntamente com a dificuldade de ambos se entenderem com os pais e a maneira como lidam com o peso de serem filhos de quem são, que norteia toda a trama e gera algumas consequências aos personagens. 

O livro é legal, mas é perceptível durante a leitura que Rowling não colocou muito o dedo na história. Li em alguns lugares que a obra parecia muito com uma fanfic e eu tive a mesma impressão. Alguns pontos são apresentados de forma superficial, em nada parecido com o que foi mostrado até então, ao longo de toda a saga. As situações impostas aos personagens e o modo como eles lidam com elas são pouco trabalhadas, sem falar no modo em que o personagem de Rony Weasley é retratado: apesar de incluído como um alívio cômico, acabou por soar apenas como alguém sem profundidade. Mas se a história me decepcionou em alguns pontos, em outros me surpreendeu. Adorei conhecer o personagem de Escórpio e o desenrolar de sua amizade com Alvo. 

É importante lembrar que a história é totalmente escrita em forma de roteiro de peça, sendo construída quase exclusivamente por diálogos, então algumas pessoas podem estranhar um pouco. Mas é exatamente esse fato que faz a leitura fluir, desenvolvendo-se rapidamente.


E como grande fã de Harry Potter, foi incrível ter a oportunidade de acompanhar mais um capítulo dessa saga que marcou a minha vida. A cada virada de página e cada diálogo que remetia ao passado, eu sentia uma forte pontada de nostalgia. Foi ótimo voltar a esse mundo e acompanhar o que aconteceu com os personagens com os quais eu cresci, que muito me fizeram rir e me emocionar. 

Foi ótimo voltar a Hogwarts!