Para a enfermeira Amy Leatheran, sua paciente era um caso muito estranho. Louise, casada com um famoso arqueólogo, sofria de angústia nervosa, segundo seu marido. Suas fantasias eram vívidas e macabras: uma mão decepada, um rosto cadavérico contra a vidraça... Mas de que ou de quem ela teria tanto medo? Perto do marido e de velhos colegas e amigos, ela estaria a salvo. Entretanto, a formalidade do grupo não parecia natural: pairava no ar uma tensão, um certo desassossego. Algo muito sinistro estava acontecendo. E tinha a ver com... assassinato. Mrs. Leidner é assassinada. Fora algo muito estranho pois ninguém vira pessoas circularem no pátio do local que dava acesso a cena do crime. Quem teria feito tal monstruosidade? Só uma pessoa poderia responder: Hercule Poirot.
O ano quase finalizado e eu consegui incluir mais um clássico de Agatha Christie na minha listinha. Desta vez, trata-se de “Morte na Mesopotâmia”, escrito em 1936 e, novamente, trazendo o belga Hercule Poirot como detetive.
Nessa trama, o mistério apresentado pela autora se desenvolve na localidade iraquiana de Hassanieh, próxima a Bagdá; mais precisamente, em um sítio arqueológico. Ali vivem pessoas de diferentes nacionalidades e personalidades, entre elas uma senhora inglesa (Miss Johnson), dois rapazes americanos (Mr. Reiter e Mr. Coleman), um casal espanhol (Mrs. e Mr. Mercado) e um monge francês oriundo do Cartago, responsável por decifrar algumas inscrições encontradas nas escavações (Padre Lavigny), além do Dr. Leidner, arqueólogo responsável pela expedição, e sua esposa, a bela Louise Leidner.
Em um local com pessoas tão diferentes é natural que ocorram alguns constrangimentos. E a personagem central de algumas dessas situações delicadas é a própria Mrs. Leidner, que encontra prazer em realizar jogos mentais e provocações para com os outros moradores. Entretanto, ela frequentemente envolve-se em crises de pânico, afirmando sofrer ameaças contra a própria segurança.
Preocupado com o estado psicológico da esposa, Dr. Leidner contrata, então, Amy Leatheran, enfermeira perspicaz e observadora, para cuidar de Louise. Alguns dias depois, um crime vem a ocorrer e Hercule Poirot é convidado para auxiliar a polícia local a resolvê-lo. Mas onde todos parecem culpados, quem teria sido capaz de cometer tal crime?
Para quem gosta de livros de mistério, com uma boa dose de suspense, essa trama é perfeita. Além de prender a atenção do leitor do início ao fim, a leitura flui de maneira verossímil, tornando-se rápida e nada cansativa. A narrativa é desenvolvida em primeira pessoa, com os fatos sendo contados totalmente por Mrs. Leatheran, tornando a trama fácil de ser entendida, dando uma visão própria aos acontecimentos centrais e à investigação desenvolvida por Poirot.
“Morte na Mesopotâmia” é um livro inteligente, como todas as grandes obras de Agatha Christie conseguem ser. E para quem gosta de o “Assassinato do Expresso do Oriente”, na parte final da narrativa apresenta uma leve citação sobre os acontecimentos desse outro grande livro da “velha dama”.