28 janeiro 2017

RESENHA: 12 Anos de Escravidão – Solomon Northup





Talvez a melhor obra dentre todas as narrativas sobre a vida de um escravo, 12 anos de escravidão é um livro de memórias angustiante sobre um dos períodos mais sombrios da história norte-americana. Ele relata como Solomon Northup, nascido um homem livre em Nova York, foi atraído para Washington, D.C., em 1841, com a promessa de um emprego, e então drogado, espancado e vendido como escravo. Ele passou os doze anos seguintes de sua vida em cativeiro, trabalhando, na maior parte do tempo, em uma plantação de algodão na Louisiana. Após seu resgate, Northup escreveu este registro excepcionalmente vívido e detalhado da vida escrava. Tornou-se um sucesso imediato e, hoje, é reconhecido por sua visão incomum e eloquência, como um dos poucos retratos da escravidão americana, redigido por alguém tão culto quanto Solomon Northup - uma pessoa que viveu sua vida sob a óptica de uma dupla perspectiva: ter sido tanto um homem livre como um escravo.
Sei que este livro não é tão novo assim (na verdade, foi publicado originalmente em 1853), mas somente há pouco tempo soube de sua existência, e essa descoberta veio após o lançamento do filme, de mesmo nome, em 2013. Assim como boa parte daqueles que o assistiram, me emocionei bastante com a história de Northup, e fiquei bastante curiosa a respeito de como seria o livro, mas nunca cheguei realmente a procurar adquiri-lo. Até que durante o costumeiro garimpo na Feira do Livro (sim, essa feira ainda tá rendendo), meu namorado e eu encontramos um exemplar em ótimo estado, por apenas R$ 10,00 – quase de graça!! Óbvio que já foi pra nossa listinha de leitura. ☺

A obra tem como principal objetivo narrar a vida de Solomon Northup, durante seus anos de escravidão. Assim como relata a sinopse, acima apresentada, Northup foi um homem livre, morador de Nova York, local onde nasceu e constituiu família (em meados do século XIX – época onde a história se passa – os estados americanos do norte, em grande maioria industrializados, não permitiam a escravidão; enquanto isso, os sulistas, com suas grandes propriedades agrárias, mantinham os escravos como sua principal mão de obra). Ali, Solomon era relativamente conhecido, principalmente com suas habilidades como violinista.

Durante uma ausência temporária de sua esposa e filhos, Solomon foi convidado para acompanhar dois artistas em algumas cidades do norte, apresentando-se com seu violino por alguns dias, recebendo assim, certa quantia em dinheiro por seus serviços. Durante a viagem, acabaram por chegar à capital americana, distrito pertencente às leis escravagistas. Neste local, sua vida mudou drasticamente. Após ser drogado, Solomon foi raptado e vendido, sendo enviado para o estado da Louisiana. 

Durante os doze anos seguintes, Solomon viveu (ou melhor, sobreviveu) como escravo, trabalhando em plantações de algodão e cana, além de, em alguns casos, exercer o papel de marceneiro, sofrendo todos os martírios pelo qual um negro passava à época. Condicionado ao trabalho forçado, Solomon – conhecido, então, como Platt – passou por vários senhores, entre eles Ford, um homem bom e justo, e Epps, um bêbado louco, que encontrava nas chibatadas, seu maior divertimento. 


A narrativa é totalmente escrita em primeira pessoa, o que transmite ao leitor a perspectiva do próprio Solomon de cada situação a qual foi submetido. Sua saga até reencontrar a liberdade é um relato não apenas emocionante, mas por muitas vezes angustiante. É horrível perceber que o tratamento destinado aos escravos era aceito como algo absolutamente normal, como se eles não passassem de uma simples propriedade, com os brancos tendo o direito de usá-los como bem entender. E o pior é pensar que até hoje, mais de cem anos depois, o preconceito contra os negros é uma realidade bastante vívida em nossa sociedade.


Enfim, é uma leitura eficiente em sua capacidade de despertar o interesse do leitor, que está sempre procurando saber o que virá na próxima página. "12 anos de escravidão" é uma obra magnífica, altamente recomendada a todos os públicos.