29 dezembro 2016

RESENHA: Morte na Mesopotâmia – Agatha Christie


Para a enfermeira Amy Leatheran, sua paciente era um caso muito estranho. Louise, casada com um famoso arqueólogo, sofria de angústia nervosa, segundo seu marido. Suas fantasias eram vívidas e macabras: uma mão decepada, um rosto cadavérico contra a vidraça... Mas de que ou de quem ela teria tanto medo? Perto do marido e de velhos colegas e amigos, ela estaria a salvo. Entretanto, a formalidade do grupo não parecia natural: pairava no ar uma tensão, um certo desassossego. Algo muito sinistro estava acontecendo. E tinha a ver com... assassinato. Mrs. Leidner é assassinada. Fora algo muito estranho pois ninguém vira pessoas circularem no pátio do local que dava acesso a cena do crime. Quem teria feito tal monstruosidade? Só uma pessoa poderia responder: Hercule Poirot.
O ano quase finalizado e eu consegui incluir mais um clássico de Agatha Christie na minha listinha. Desta vez, trata-se de “Morte na Mesopotâmia”, escrito em 1936 e, novamente, trazendo o belga Hercule Poirot como detetive.

Nessa trama, o mistério apresentado pela autora se desenvolve na localidade iraquiana de Hassanieh, próxima a Bagdá; mais precisamente, em um sítio arqueológico. Ali vivem pessoas de diferentes nacionalidades e personalidades, entre elas uma senhora inglesa (Miss Johnson), dois rapazes americanos (Mr. Reiter e Mr. Coleman), um casal espanhol (Mrs. e Mr. Mercado) e um monge francês oriundo do Cartago, responsável por decifrar algumas inscrições encontradas nas escavações (Padre Lavigny), além do Dr. Leidner, arqueólogo responsável pela expedição, e sua esposa, a bela Louise Leidner.

Em um local com pessoas tão diferentes é natural que ocorram alguns constrangimentos. E a personagem central de algumas dessas situações delicadas é a própria Mrs. Leidner, que encontra prazer em realizar jogos mentais e provocações para com os outros moradores. Entretanto, ela frequentemente envolve-se em crises de pânico, afirmando sofrer ameaças contra a própria segurança.

Preocupado com o estado psicológico da esposa, Dr. Leidner contrata, então, Amy Leatheran, enfermeira perspicaz e observadora, para cuidar de Louise. Alguns dias depois, um crime vem a ocorrer e Hercule Poirot é convidado para auxiliar a polícia local a resolvê-lo. Mas onde todos parecem culpados, quem teria sido capaz de cometer tal crime?

Para quem gosta de livros de mistério, com uma boa dose de suspense, essa trama é perfeita. Além de prender a atenção do leitor do início ao fim, a leitura flui de maneira verossímil, tornando-se rápida e nada cansativa. A narrativa é desenvolvida em primeira pessoa, com os fatos sendo contados totalmente por Mrs. Leatheran, tornando a trama fácil de ser entendida, dando uma visão própria aos acontecimentos centrais e à investigação desenvolvida por Poirot.

Morte na Mesopotâmia” é um livro inteligente, como todas as grandes obras de Agatha Christie conseguem ser. E para quem gosta de o “Assassinato do Expresso do Oriente”, na parte final da narrativa apresenta uma leve citação sobre os acontecimentos desse outro grande livro da “velha dama”.

16 dezembro 2016

RESENHA: A Fúria dos Reis (As Crônicas de Gelo e Fogo #2) – George R.R. Martin

Quando um cometa vermelho cruza o céu de Westeros, os Sete Reinos estão em plena guerra civil. Os exércitos dos Stark e dos Lannister estão se preparando para o confronto final, e Stannis-irmão do falecido Rei Robert-, desejoso de possuir um exército que lute pela sua reivindicação ao trono, alia-se a uma misteriosa religião oriental. Porém, seu irmão mais novo também se proclama rei. E, enquanto isso, os Greyjoy planejam vingança contra todos os que os humilharam dez anos atrás. Ainda, no distante Leste, poderosos dragões estão prestes a chegar aos Sete Reinos, trazendo fogo e morte...Um perigo de proporções gigantescas, muito maior do que as grandes guerras! Nesta tão esperada sequência de A guerra dos tronos, George R. R. Martin cria uma obra de incrível poder e imaginação. A fúria dos reis nos transporta até um mundo de glória e vingança, de guerras e magia, onde poder e miséria podem se alterar no virar de uma página. Uma obra singular da literatura fantástica.
A conclusão da leitura ocorreu no mês de novembro, mas, infelizmente, apenas hoje pude me dedicar a essa resenha. Por tratar-se de um segundo volume de uma série de livros, fica muito complicado falar sobre ele sem soltar alguns spoilers da história e do que vem acontecendo aos personagens. Então, assim como eu fiz na resenha de "Convergente", tentarei, ao máximo, focar apenas nas minhas percepções.

Bom, eu estava querendo ler esse livro desde julho, quando finalizei a leitura do primeiro volume da saga, "A Guerra dos Tronos". Aproveitei minha ida à Feira do Livro de Porto Alegre e consegui adquiri-lo por um ótimo preço (apenas R$ 30,00, na Ladeira Livros), sendo a única banca onde o livro era vendido nesta edição específica, de 2011.


A escrita de George R.R. Martin segue o mesmo padrão do livro anterior, com cada capítulo apresentando a perspectiva de um personagem. Narrado em terceira pessoa, a forma como os capítulos são divididos acrescenta muito à história, expondo, de forma dinâmica, o que vem o ocorrendo em Westeros. Assim como em A Guerra dos Tronos, os personagens narrados nos capítulos continuam sendo Daenerys, Tyrion, Jon, Catelyn, Sansa e Arya. No entanto, o livro atual inclui mais dois personagens: Sor Davos, cavaleiro juramentado a Stannis Baratheon, e Theon Greyjoy, protegido dos Stark e herdeiro das Ilhas de Ferro.

Como fã de Game of Thrones e, agora tendo a oportunidade de realizar a leitura da saga, posso dizer que estou encantada por esses livros. Apesar de a série acompanhar, quase que fielmente, a escrita de Martin, com os livros torna-se possível obter alguns detalhes que não chegaram a ser incluídos no projeto da HBO (até acredito que foi deste volume que nasceu a teoria sobre quem seriam os pais de Jon Snow)

Sempre soube que a grande fama desses livros deve-se, principalmente, às batalhas e guerras travadas pelos grandes senhores dos Sete Reinos. No entanto, o detalhe que me encanta está presente nos diálogos. Basicamente, aqueles envolvendo a Rainha Cersei e Tyrion Lannister – basta os dois aparecerem juntos que se torna impossível abandonar a leitura. Além do mais, Tyrion continua sendo um dos meus personagens favoritos da saga.

E minha outra favorita é a nossa “Mãe dos Dragões”, Daenerys Targaryen. Enquanto que em "A Guerra dos Tronos", os capítulos destinados a Khaleesi foram ótimos e bem elaborados; em "A Fúria dos Reis", considerei sua história mal trabalhada e aproveitada, sendo muitos os pontos desnecessários para a narrativa (até arrisco-me a dizer que, dessa vez, a série soube ser muito melhor do que o livro). 

Theon Greyjoy, que no primeiro volume mal foi explorado, desta vez, finalmente pode mostrar a que veio. Apesar de entender que suas atitudes são importantes para o desenvolvimento da narrativa, os seus capítulos são os mais chatos de toda a obra de Martin. 


Sobre a edição, repetindo meu comentário anterior, foi difícil de encontrar. Eu queria exatamente esta, datada de 2011, para dar continuidade à minha coleção. Adoro essa capa e, em especial, a primeira e última página que apresentam um mapa completo do Reino de Westeros.



Enfim, Martin mostrou o porquê de ser considerado um dos maiores autores da atualidade. A trama é excelente, apresentando personagens sólidos e uma história capaz de prender o leitor do início ao fim. Indico a todos, principalmente àqueles que, assim como eu, possuem interesse em sagas com elementos fantásticos.